domingo, 10 de agosto de 2008

Setembro/2007

sábado, 29 de setembro de 2007

Um estranho no meu colo

Últimas cadeiras do ônibus, num dos lugares do meio, à direita ninguém e à esquerda um careca. Estava eu distraidamente pensando na ruma de coisa que tenho que dar conta, quando uma senhora pede licença para sentar na cadeira perto da janela, à esquerda do careca. Solicitamente ele afasta do lugar para que a senhora possa passar, se acomodando (juro por Jesus!) no meu colo. A pessoa aqui levanta o queixo (pra não cair, né!) e olha para o sujeito com cara de "dá licença, ô meu filho", o sujeito olha meio de lado para pessoa com cara de "foi sem querer" e quando tenta levantar o ônibus dá uma freada súbita... e o fulano dá uma nova sentadinha. Nessa hora este ser paciente (se segurando para não dizer upa, upa, cavalinho) olha novamente, desta vez com cara de "e agora? Pode ser ou tá difícil?" observando que havia uma certa dificuldade do ser humano de mais de 50 levantar-se na velocidade que meu olhar perfurante ordenava.

Vendo que o coitado também estava aflitamente disposto a sair do colo da mamãe aqui, tomei uma atitude. Rápida como um raio afastei para à direita, de forma que o tio caiu no meu antigo lugar muito bem sentado e aliviado (somo dois). E ele? Nem pediu desculpas e só arrastou o traseiro sem descolar do assento até o seu lugar de origem. Ufa, ainda bem que eu não estava mais embaixo!

Esta cena durou exatos e eternos 9 segundos e já me rendeu bem mais que isso de gargalhadas.

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quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Eu quero uma bicicleta

A primeira bicicleta a gente nunca esquece. A minha era uma Monark Brisa branca com os detalhes rosa, com uma cestinha e rodinhas. Eu tinha 6 anos, ainda lembro a emoção que senti quando a vi. Eu vinha muito cansada de uma apresentação de Natal da escola, pois tinha sido a gaivota da música Aquarela, de Toquinho. Imagine o tanto que eu subi e desci nos trechos: "E ela vai pousar... e ela vai voar..."
Assim que cheguei em casa, ainda não tinha nem entrado no quarto, veio Painho meio brabo dizendo que eu fosse apagar a luz que eu deixei acesa. Ahhh, eu fiquei revoltada porque não fui eu! Eu tinha a-ca-ba-do de entrar em casa! E ele "mandou" eu ir e pronto, sem reclamar. Lá vai eu, irada, de cabeça baixa, pisando duro e quando levando o olhar para apertar o interruptor... lá estava ela, o presente que eu tinha pedido de Natal. Aí eu sentei na cama e comecei a chorar (sim, a pessoa é chorona desde pequena). A queda que sofri enquanto aprendia a descer ladeiras, que folgou alguns parafusos da minha cabeça, conto nas cenas do próximo capítulo. O caso é que dois anos depois roubaram ela de dentro de casa e no fim desse mesmo ano, ganhei outra igual. Está vendo como eu sou uma boa menina?
O fim dessa segunda eu nem lembro, mas o da terceira sim, muito bem. Depois de alguns anos, comprei minha própria bicicleta com meu próprio dinheiro, ela é roxo metálico, 18 marchas e o mais importante: eu usava. Andava sempre de bicicleta pelo bairro, só que com o tempo fui deixando um pouco de lado, isso foi quando eu descobri que meu digníssimo pai simplesmente transformou minha bicicleta numa ergométrica. Imagine uma bicicleta roxa em cima de um cavalete de madeira, amarrada com borrachas de câmara de ar. Era uma vez uma bicicleta que andava pelas ruas.
Bem que alguém poderia me dar uma bicicleta de novo.

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