sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Dona de casa desesperada



Como levar um choque e ainda estragar um mergulhão - Manual 1

Mergulhão, para quem não sabe, é um rabicho elétrico com uma resistência na ponta que serve para ferver água. É muito legal, ferve muito rápido e adianda horrores o andamento das receitas. Você pode até deixar água fervendo enquanto faz depilação, por exemplo.

1. Ponha o aparelho de depilação para derreter a cera;
2. Encha uma panela de água;
3. Coloque a resistência dentro da água antes de ligar na tomada (tem que ser antes!);
4. Quando a água começar a fumaçar, dando sinais que começou a aquecer, coloque o dedo indicador dentro da panela para conferir se está mesmo esquentado;

Au!!!

5. Olhe para os lados para conferir se alguém viu você fazendo essa asneira e levando um choque;
6. Sorria por pensar que um dia alguém pode fazer isso na sua frente e você vai explicar que vai levar um choque;
7. Você será tido(a) como muito esperto(a) e atencioso(a);
8. Vá para o outro cômodo da casa fazer a depilação, pois a cera já deve está derretida;
9. Assista televisão enquanto isso, pois lhe ajudará a esquecer da dor durante os puxões;
10. Esqueça completamente que água fervendo evapora;

Tchiiiiiiiii...

11. Isso é o barulho de metal queimando!
12. Largue tudo e corra para a cozinha pedindo ao Senhor para não ter queimado a panela ou pifado o mergulhão;
13. Desligue o mergulhão derretido da tomada para o metal parar de borbulhar;
14. Depois de frio, retire-o e coloque no lixo;
15. Lave a panela imaginando quanto será um novo, para você devolver ao seu pai, que lhe emprestou.

Como explodir a cozinha numa fração de segundos - Manual 2

Uma das poires coisas do mundo é privada entupida, descarga que não funciona ou qualquer uma dessas situações que aumentam a imundice do nosso cotidiano. E a tal privada entupida, especificamente, é uma das que mais irritam e que não tem como adiar a providência, pois sabe-se bem que faz parte do uso para necessidades urgentes diárias de todo ser vivo. Como boa dona de casa, lá fui eu atrás de soda cáustica, produto de acidez muito conhecida e capaz de destruir matérias que não se deve duvidar.

1. Vá ao supermercado e compre um pote de soda cáustica;
2. Passe no caixa com cara de muito esperto(a), por saber que é tão fácil resolver um problema como esse;
3. Leia atentamente as instruções de uso do produto, pois é altamente tóxico;
4. Siga os passos indicados no rótulo e espere o resultado.

Tsc, tsc, tsc...

5. Vá ao supermercado novamente comprar mais dois potes de soda cáustica;
6. Aproveite a super oportunidade de encontrar a promotora de venda do produto e peça uma dica para eliminar seu problema, já que a indicação da embalagem não adiantou;
7. Questione a dica que ela passar;
8. Passe no caixa com cara de quem está achando a dica meio estranha mas não quer duvidar, afinal a promotora entende do produto;
9. Siga os passos que a promotora explicou no supermercado:
a) Ferva água em uma panela grande;
b) Por precaução, não chegue muito perto (essa dica é minha mesmo) da panela com a soda cáustica;
c) Ao borbulhar (isso, ao borbulhar) despeje todo o conteúdo do pote (sim!!! todo!!!) dentro da água fervente;

Bummmmmm!!!

10. Para sobreviver:
a) Enquanto a panela não parar de jorrar água com ácido para cima feito um chafariz, não se aproxime em hipótese alguma;
b) Não pise no líquido corrosivo espelhado por todo o chão da cozinha;
c) Não saia da cozinha caso o fogão seja justamente ao lado da porta (ver porquês nos itens acima);
d) Tente não inalar (muito) o vapor gerado pela mistura explosiva, portanto ponha a cabeça para fora da janela e respire pela boca feito cachorrinho preocupado;
e) Se tiver mais pessoas no recinto, grite para que elas não se aproximem do perigo;
f) Feche os olhos para que eles não fiquem tão irritados e parem de arder;
g) Agora comece a rezar para agradecer ao Senhor por eu ter dado a dica que consta no item b do ponto 9.
11. Limpe toda a sujeira sorrindo, afinal você não morreu, e amaldiçoando a cretina da promotora.

Já pensou se eu não fosse atenta? Poderia ter causado um acidente até! Ufa hein!

domingo, 5 de outubro de 2008

Madrinha




Todo aquele clichê: encontrar o homem com quem dividir a vida inteira até ficar velhinhos, casar e com ele ter filhos. Como a maioria das mulheres do mundo, também tenho esse grande sonho, desde pequenininha. Daquelas de imaginar, sonhar e acordar emocionada, imaginando nomes e rostinhos. Eu achava que na idade que tenho hoje já teria chegado nessa altura do campeonato e talvez já estivesse até no segundo (é, eu quero mais de um), mas meus caminhos mudaram muito no decorrer dos anos... e cada vez que pensei que estaria perto, o mundo deu outro giro. Hoje não tenho a mínima idéia de quando ou se isso vai se concretizar, afinal o caminho está se esticando cada vez mais.

Bem, o que se sucede é que neste final de semana cheguei o mais próximo possível do que a maternidade representa para mim. Numa singela visita à casa da minha prima que está grávida de 5 meses, recebi um dos pedidos mais emocionantes e importantes e lindos da minha vida: para ser madrinha do neném dela.

Um minuto de silêncio.

Foi mais ou menos esse o tempo que fiquei estática depois do convite e ainda me sinto meio em estado de choque, nas nuvens ou sei lá, não sei explicar. Me senti tão lisonjeada, responsável, confiável, amada, querida... um sentimento tão grande, tão bom. Será que ela percebeu que fiquei tão feliz assim como estou me sentindo? Por mais que tente explicar, eu não consigo.

Ainda não sei nem se é menino ou menina, precisam ver minha cara de orgulhosa. Me imagino presente, participando, acompanhando, dando muito carinho, colo, sendo paciente, sensata e sabendo aconselhar, orientar. E assim, queria que este ser humano que ainda nem conhece o mundo, tivesse por mim ao menos a metade do amor, do carinho, da admiração e consideração que tenho pela minha madrinha. A mulher que meus pais escolheram para ser minha segunda mãe, a quem confiaram o alguém que é parte deles, a quem eu iria ver com esse olhos de amor. E ela pode ter defeitos, ser tia, madrinha de mais uns tantos, mãe ou qualquer outra coisa, mas pra mim ela é só minha madrinha... e isso é tanto. É um sentimento tão especial e tão grande, tão diferente. Como eles escolheram bem por mim! E eu que nem sei se ela sabe disso.

E numa fração de segundos comecei a imaginar que todos os meus natais, páscoas, dias das crianças e férias serão diferentes, que agora eu me importo mais ainda se estarei longe daqui ou não, se conseguirei cumprir a minha missão e serei alguém que fará diferença no mundo e na vidinha dele, ou dela, não sei, não importa. O que importa é que hoje eu sou uma pessoa com mais uma realização... e eu espero saber agradecer isso.

Meu presente chega em Fevereiro.